segunda-feira, 5 de março de 2012

Não acredito em Conto de Fadas!!





Não, eu não busco o Príncipe Encantado. Afinal de contas, deixei de acreditar em conto de fadas desde criança.

 Nunca fui o tipo de menina meiguinha, que adorava Barbie e fazia aniversário para o cachorro - minha asma não permitia bichos em casa.
Sempre gostei de andar descalça no asfalto, jogar bolinha de gude com os meninos e sinuca no bar da esquina. Andar de calcinha na rua porque o calor era demais ( e isso rendeu várias piadinhas do vizinho da outra esquina alguns anos depois - “AAhhh já te vi de calcinha cor de rosa correndo atrás de mim.” Não sabendo que essa seria a  única e grande oportunidade da vida dele em me ver nesses trajes. ). Não entendia porque os meninos podiam brincar assim, tão leves, e minha mãe brigava quando me pegava nessas vestimentas.

Sempre fui muleca. Era tão mais divertido brincar com os meninos. Não precisava exibir meu vestido novo, ou o lançamento da Barbie Princesa da Pérsia. Eu nem sabia onde diabos ficava a Pérsia na época, para que eu queria uma Barbie dessas?? Eu gostava de carrinho - e hoje entendo minha paixão por carros e velocidade - gostava de andar de bicicleta pelo quarteirão, de escutar as 10+ na FM Sergipe – hoje meus gostos musicais mudaram bastante - gostava de ler – e ainda amo!!!! Odiava maquiagem, andava de saia jeans, camiseta larga e havaianas – minha mãe só faltava morrer hehehheh!! Cabelo desgrenhado. Já pintei de várias cores, já tive vários cortes. Afinal de contas é cabelo, cresce de novo!!! É tão fácil.  E não tava ligando para nada disso. E sinceramente até hoje não ligo!! Aprendi a gostar de maquiagem, já uso salto alto, mas não deixo de gostar de uma sapatilha, short jeans e camiseta. AAAAAh e sair de cara lavada e cabelo molhado.

Emagreci, engordei, emagreci de novo, engordei de novo. Fiz a primeira tatuagem. Fiz a segunda. Fiz a terceira. Retoquei a primeira. Pensando em fazer a quarta – sabendo que vai ser uma briga em casa, mas no final, todo mundo vai achar linda. Coloquei o primeiro piercing. O segundo. O terceiro. Enjoei do segundo e tirei. Me restou somente uma cicatriz.

Nunca tive um amigo(a) de infância. Não sou muito boa em manter amizades duradouras. Aprendi a ter amigos depois de muito levar na cara. AmigO é mais fácil de lidar que amigA. Amigos são racionais. São super sinceros. Falam na cara – “Poorra, tu tá gostosa hoje. Mas só hoje, porque ontem tava um bagaço!!!!” . Mas claro que tenho amigas. Poucas! Não completam nem uma mão, mas são as minhas irmãs - guerreiras. As que me fazem chorar pelo simples fato de falar: Ele não merece você, amiga. Parte para outra!!!  Aprendi ainda mais que a distância estreita as amizades. Elas ficam mais intensas. E é tão gostoso.  

Com isso aprendi a me virar sozinha. A engolir meu sapos no seco. Sem muita frescura. Na verdade não tenho paciência para gente fresca – e últimamente então – deixa para lá!!!  Mas não confundam isso com falta de educação. Muitas vezes tenho raiva por ser educada demais. Queria mandar certas pessoas “tomar naquele lugar”, mas a danada da educação não deixa. No máximo faço isso mentalmente e com sorriso no rosto. Aprendi a ser sarcástica. A usar bem o ditado "O mal dos espertos é achar que todo mundo é otário!". 

Já trabalhei em Aeroporto – melhor época de minha vida – Gbarbosa, Maratá, Comunicação Up, Ambev. Trabalhei demais. Trabalhei mais que o normal. Virei várias, vááárias, váááááááaárias noites. Já fiquei trancada em Supermercado na madrugada. Já briguei com chefe. Já fui reconhecida. Já fui a melhor e a pior do Brasil!!! Pensei em casar. Desisti. Comprei um apartamento,me fudi!!! Comecei a namorar outro, me iludi. Preferi largar tudo. Emprego - que já não me dava tanto tesão, ex namorado - filha da puta, que agora quer me ver de novo - perdeu playboy, problemas, amigos, família. Por um tempo. Para colocar a cabeça no lugar e seguir o que sempre sonhei.

 Aprendi espanhol. Melhorei muito meu inglês e meu portugués anda bastante “apatralhado”. Conheci gente nova. Conheci gente do mundo todo. Conheci gente que nem lembro mais o nome. Conheci gente que quero levar comigo pro resto da vida. 

Mas voltando a primeira frase: não busco um Príncipe Encantado. Não mesmo. Não quero um ser tão místico, perfeito e políticamente correto do meu lado. Não quero uma estória onde  todos os dias sejam de passarinhos cantarolando na janela, raios de sol iluminando o quarto e café da manhã na cama. Isso não me faz falta.

 Não quero um homem lindo. Eu quero um ser estranho! Que adore jogar vídeo game, que leia o 9gag e se papoque de rir assistindo The Big Bang Theory. Que saia para beber comigo – é, eu bebo e muito!! - que goste da companhia de meus amigos. Que queira passar um final de semana em casa, hibernando, mas que adore conhecer lugares novos. Que acorde descabelado. Que trabalhe muito, mas que de vez em quando volte para casa  mais cedo só para fazer uma surpresa. Que goste de Praia, de comer carangueijo no meio da semana. De ir pro cinema na pré estreia e escreva em um blog. Que vista preto porque disfarça a barriguinha. Afinal de contas, homem que é homem tem uma barriguinha de cerveja! - E eu acho super sexy!!. Que goste de ler. Que seja inteligente e me faça querer ser inteligente também. Mas que seja abestalhado. Que me faça rir das piadas mais idiotas, e quando a “porra ficar séria” saiba sentar e conversar como um adulto. Que curta Los Hermanos e ache engraçado quando me bater uma saudade de Sandy e Júnior. 

Quero alguém que não ligue se eu tenho celulite, se a depilação não está em dias – até porque eu trabalho para cacete e o tempo é sempre curto. Que não ligue se a calcinha é nova ou velha, se tem desenho ou não, mas, me ache linda de pijama de algodão da Hello Kitty -  ou sem ele. Que prefira meu cabelo com rabo de cavalo. Que seja o melhor sexo do mundo. Que me acorde de manhã com beijo no pescoço – só para sacanear. Que se atrase de vez em quando pro trabalho. Que chegue estressado. Que queira beber uma cerva só para relaxar. Aaah pode fumar também, eu não ligo!

Que curta pegar a estrada sem rumo. Sem hotel reservado, sem lugar pra parar. Só pelo prazer da aventura. Que não ligue quando eu mandar uma mensagem dengosa ou bruta. Que seja bruto. É, pode ser bruto, não tem problema. Brutalidade faz parte do ser humano - e quem me conhece sabe a cavalinha que há aqui dentro hehehehe. Mas que seja fofo de vez em quando. Que precise de colo quando tenha um puta problema no trabalho e que eu seja a primeira pessoa que ele vai ligar quando tiver boas notícias. 

Por esses e por tantos outros motivos que não busco um Príncipe Encantado. Afinal de contas, eu não curto ser princesa. Dá muito trabalho é chato pra cacete e nada divertido.  Prefiro ser assim. Uma imperfeição real. E quero uma real imperfeição ao meu lado.